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9 de Av:

O dia 9 de Av, Tishá BeAv, celebra uma lista de catástrofes tão graves que é claramente um dia especialmente amaldiçoado por D'us. O Primeiro Templo foi destruído neste dia. Cinco séculos mais tarde, conforme os romanos se aproximavam do Segundo Templo, prontos para incendiá-lo, os judeus ficaram chocados ao perceber que o Segundo Templo foi destruído no mesmo dia que o Primeiro.

Quando os judeus se rebelaram contra o governo romano, acreditavam que seu líder, Shimon bar Kochba, preencheria suas ânsias messiânicas. Mas suas esperanças foram cruelmente destroçadas em 135 EC, quando os judeus rebeldes foram brutalmente esquartejados na batalha final em Betar. A data do massacre? Nove de Av, é claro!

Os judeus foram expulsos da Inglaterra em 1290 EC em, você já sabe, Tishá BeAv. Em 1492, a Idade de Ouro da Espanha terminou, quando a Rainha Isabel e seu marido Fernando ordenaram que os judeus fossem banidos do país. O decreto de expulsão foi assinado em 31 de março de 1492, e os judeus tiveram exatamente três meses para colocar seus negócios em ordem e deixar o país. A data hebraica na qual nenhum judeu mais teve permissão de permanecer no país onde tinha desfrutado de receptividade e prosperidade? A esta altura, você já sabe que é 9 de Av.

Pronto para mais? A Segunda Guerra e o Holocausto, concluem os historiadores, foi na verdade a conclusão arrastada da Primeira Guerra, que começou em 1914. E sim, a Primeira Guerra Mundial começou, no calendário hebraico, a 9 de Av - Tishá BeAv.

O que você conclui disso tudo? Os judeus vêem estes fatos como outra confirmação da convicção profundamente enraizada de que a História não ocorre por acaso; os acontecimentos - mesmo os terríveis - são parte de um plano Divino, e têm um significado espiritual. A mensagem do tempo é que há um propósito racional, muito embora não possamos entendê-lo.

Por que a Galut?

por Rabino Israel M. Altein          
Baseado em discurso do Lubavitcher Rebe
Adaptado de Di Yiddishe Heim


Durante as Três Semanas, entre 17 de Tamuz e 9 de Av, todos os judeus choram a destruição do Bet Hamicdash e o subseqüente exílio.

O Talmud (Bavá Batrá, 99a) afirma, com referência aos querubins (figuras aladas com rostos de crianças) no Tabernáculo e no Templo Sagrado, que quando os judeus obedeciam à vontade de D’us, os querubins encaravam um ao outro. Contudo, quando os judeus desobedeciam à vontade de D’us, os querubins, como que por milagre, olhavam para lados opostos.

O Midrash declara que quando os inimigos adentraram o Santo dos Santos, o local mais sagrado do Templo, encontraram os querubins olhando um para o outro. Imediatamente, enviaram os querubins para todas as nações com a nota: "Vide o que esta nação adora!"

Mais uma vez nos defrontamos com uma aparente contradição. Quando o Templo Sagrado foi profanado e destruído –resultado da falta de empenho dos judeus no estudo e cumprimento das Leis Divinas da Torá – com certeza não era uma época de boa vontade Divina. Por que, então, estavam os querubins olhando um para o outro neste momento?

Para responder esta questão, devemos primeiro entender o conceito chassídico do propósito e significado do exílio.

D’us considera valioso suportarmos um exílio temporário – e uma ruptura externa nos relacionamentos – para que, afinal, sejamos capazes de absorver a grande revelação que acompanha a Redenção futura do povo judeu.

Ao analisar a seqüência de fatos do exílio, percebemos que o exílio não apenas nos ajuda a nos refinar, como também traz em si um significado profundo. Se todo o propósito do exílio fosse apenas remover as manchas da transgressão, seu desenvolvimento teria tomado uma direção contrária. Uma vez que estes pecados são gradualmente obscurecidos pelo sofrimento, deixando menos para ser perdoado, o exílio se tornaria progressivamente mais brando e fácil de suportar.
D’us considera valioso suportarmos um exílio temporário – e uma ruptura externa nos relacionamentos – para que, afinal, sejamos capazes de absorver a grande revelação que acompanha a Redenção futura do povo judeu.

Na verdade, contudo, descobrimos que o oposto é verdadeiro. Percebemos, com o passar do tempo, que houve um contínuo aumento na intensidade do exílio. Além do sofrimento físico e aflição, tem havido uma contínua diminuição na revelação Divina. Primeiro, a revelação e iluminação espirituais vieram através dos Tanaím – os sábios e gigantes espirituais do período da Mishná; mais tarde dos Amoraím – do período da Guemará. De geração em geração houve maior ocultação das forças Divinas até que hoje – quando, segundo os profetas, devemos esperar a Redenção – não há, em comparação, quase nenhuma revelação.

Este padrão de desenvolvimento na história do exílio deve ser visto como uma parte mais ampla do plano Divino no relacionamento entre D’us e Seu povo, cuja meta suprema é a revelação de uma nova "luz" e a máxima iluminação espiritual. À medida que a época da vinda de Mashiach se aproxima, o exílio continua a crescer em força.

Agora podemos compreender a afirmação do Midrash de que os não-judeus, ao adentrarem o Santo dos Santos, encontraram os querubins olhando um para o outro. Era o desejo de D’us que os judeus coletivamente construíssem para Ele um Santuário, onde Seu poder infinito, santidade e glória estivessem em estado de constante revelação. (É claro, cada judeu recebe individualmente a mais importante missão, de fazer de seu próprio corpo e de seu próprio lar um santuário para a Presença Divina, por meio do estudo de Torá e cumprimento das mitsvot.)

A câmara interna do Santuário, por ser o lugar mais sagrado do Universo, onde a própria essência de D’us Se manifestava, refletiria os mais recônditos sentimentos e intenções, por assim dizer, de D’us. Uma vez que a destruição do Templo Sagrado e subseqüente exílio eram, essencialmente, um prelúdio para revelações maiores, os querubins, que retratavam o "humor" Divino, olhavam um para o outro, salientando o fato de que o exílio subseqüente era realmente resultado da benevolência e boa vontade Divinas.

Estas idéias devem permanecer em nossa mente e ser aplicadas a nossas atitudes diárias.
Apesar do fato de que o exílio aumentou em força, até que atualmente o mundo é amplamente dominado pelo materialismo (um dos aspectos da Era pré-Messiânica, como previsto pela Mishná, Sotá, 9:15), não devemos nos alarmar, sabendo que a "escuridão" intensificada é causada por nossa aproximação da "luz" da Redenção. (Fonte: www.chabad.org.br)