É com pesar que publicamos a trágica notícia do falecimento de nossos queridos shluchim, emissários, diretores do Chabad-Lubavitch de Mumbai, Rabino Gavriel e sua esposa Rivka Holtzberg, ao lado de tantas pessoas inocentes, vitimas do covarde e brutal assassinato realizado por terroristas, em um dos piores episódios ocorridos.
Sede do Beit Chabad em Mumbai |
Em Ingles: http://www.chabad.org/774747
As comunidades judaicas de todo o mundo estão consternadas, após terem se unido atendendo aos apelos feitos para que fossem realizadas preces e atos de bondade em prol da libertação dos reféns.
Moshe, o filhinho de dois anos dos shluchim, conseguiu escapar sendo levado nos braços de uma funcionária do Beit Chabad, logo após algumas horas da invasão da sede, conhecida como Casa Nariman, no popular bairro de Colaba. A Associated Press noticiou que a criança havia saído ilesa, mas com as roupas encharcadas de sangue.
Acolhendo a comunidade |
"Gabi e Rivky Holtzberg fizeram seu útlimo sacrifício", declarou o rabino Moshe Kotlarsky, vice-presidente da Instituição Merkos L'Inyonei, o braço educacional do Movimento Chabad-Lubavitch, cuja sede fica em Nova York. "Como emissários enviados a Mumbai, eles trocaram sua vida confortável, ao lado de seus amigos e familiares a fim de difundir os valores judaicos a esta parte do mundo, repleta de turistas, entre os quais, muitos israelenses, acolhendo a todos e lhes fornecendo conforto material e espiritual. O Beit Chabad tornou-se um centro popular na comunidade local tanto no meio empresarial quanto turístico.
"Atuando há cinco anos na comunidade, dirigiam a sinagoga oferecendo cursos, aulas de Torá, bem como promovendo atividades que espalhavam alegria a todos que freqüentavam sua casa.”, acrescentou o rabino. "O amor incondicional que dedicavam à comunidade permanecerá para sempre presente na vida de todos que tiveram o privilégio de terem sido tocados por amobos, através de um gesto carinhoso, de um sorriso, de uma boa palavra. Certamente iremos dar continuidade a este maravilhoso trabalho que eles deram início.”
Rabino ao lado de sua esposa e filho |
O casal Holtzberg chegou em Mumbai em 2003 para servir a pequena comunidade judaica local, acolhendo empresários e turistas que permanecem temporariamente na cidade.
Gavriel Holtzberg, falecido aos 29 anos, era israelense. Mudou-se para Crown Heights, Brooklyn, NY, com seus pais, aos nove anos. Estudante destacado, foi bi campeão em competições que premiavam quem mais memorizava a Mishná, um compêndio de leis e decretos Rabínicos compilada no século II da Era Comum.
Cursou Yeshivot, em Nova York e Argentina, tendo participado de programas especiais promovidos pelo Merkos L'Inyonei ajudando os rabinos das comunidades da Tailândia e China, a desenvolver suas atividades enquanto ainda era estudante. Sua esposa Rivka tinha 28 anos, nasceu em Afula, Israel. Sua irmã Chayki Rosenberg a descreve como alguém dedicada profundamente, de corpo e alma, a outros judeus e pessoas da comunidade. “Ela lecionava muitas aulas para diversos grupos de mulheres no Beit Chabad, sempre transmitindo mensagens positivas a todos”.
Em atividades com as crianças |
Dois anos atrás, o casal havia conseguido levantar fundos para a construção de sua sede em Mumbaim, composta por cinco andares e localizada em uma área próxima aos hotéis, restaurantes e centros de compras muito frequentada por turistas. Além dos diversos cursos ministrados a todas as faixas etárias da comunidade, prestavam serviços comunitários como fornecimento de comida casher, realização de cerimônias como brit –milá (circuncisão), bar mitsvá e casamentos judaicos.
O último contato que foi registrado como tendo sido feito pelo Rabino Gavriel foi com o consulado israelense informando sobre a invasão dos terroristas ao Beit Chabad. A linha foi cortada e desde lá não se obteve mais notícias do que estava ocorrendo dentro do estabelecimento.
Realizando um bar-mitsvá |
Mais de 125 pessoas foram mortas desde quarta-feira à noite, em vários ataques simultâneos feitos pelo grupo terrorista. Estes descarregaram sua munição portando fuzis e granadas em vários pontos da cidade, incluindo além do Chabad, dois hotéis, estação de trem e locais turísticos. De acordo com os serviços de segurança, ficou claro que o Beit Chabad era um alvo pré-determinado no ataque.
Sua esposa na inauguração da sede |
Uma equipe de 15 representantes do movimento Chabad, incluindo Califórnia, Nova York, Washington, Israel, Índia, China e outros centros trabalharam ininterruptamente durante a tragédia, acompanhando as notícias e se mobilizando para ajudar no que estivesse ao seu alcance. Pedidos de preces (leitura do Tehilim/Salmos) foram prontamente atendidas no mundo inteiro mobilizando milhares em prol da libertação dos reféns.
A polícia local de Mumbai ao lado do alto escalão do governo indiano empreenderam seus maiores esforços com suas equipes de salvamento aos hotéis, onde havia grande contingente de pessoas a serem protegidas e resgatadas. Quando tomaram a decisão de entrar em ação com a policia de assalto no Beit Chabad, constataram que o pior já havia ocorrido.
Os pais de Rivky conseguiram chegar em Mumbai nesta sexta-feira cedo pela manhã. Agora apenas para levar seu neto, órfão de pai e mãe, para ser resgatado da cena indescritivelmente triste e lamentável, levado ao convívio e consolo familiar.
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What is a Chabad House? |
Os shluchim
Sandra Samuel:
uma heroína em Mumbai
By Sara Esther Crispe
Fico tentando imaginar a situação. Os terroristas invadiram o Beit Chabad e todos lá dentro temeram que isto poderia significar seu fim. Rabino Gavriel Holtzberg fez contato com o Consulado Israelense. “A situação não é boa” foi só o que conseguiu pronunciar antes que a linha fosse cortada. Estas foram suas últimas palavras.
Segundo os repórteres que encontraram os corpos, ao que tudo indica Rivka foi assassinada primeiro. Ao ser encontrada, ela estava coberta, enrolada em um talit. Este provavelmente foi o último ato de Gavriel, cobrir sua amada esposa, antes de também ser brutalmente morto.
Mas onde estava Moshe? Onde estaria seu filhinho? Esta é uma dúvida que me corroia.
Estaria ele com seus pais? Não me pareceu, pois estes assassinos não teriam a menor pena da criança. Estes mesmos terroristas haviam atacado a maternidade em um hospital. Eles certamente não tinham nenhum sentimento por bebês.
Imagino que Moshe estivesse em sua cama, talvez seu berço, onde dormiu a noite em algum outro andar do prédio. Pois ao ser encontrado, estava abraçado a um boneco. Talvez o mesmo que costumava levar para a cama ao ir dormir.
Penso em Rivka e o que devia ter passado pela sua mente naqueles momentos terríveis. Encontrariam seu bebê? Matariam ele? Deveria mencionar que ele estava ali? O que iria acontecer quando ele acordasse? E se ele começasse a chorar? Havia alguma coisa que ela pudesse fazer para salvá-lo? Nunca saberemos o que passou pela sua cabeça. Mas toda mãe sabe que seus últimos pensamentos foram direcionados a seu querido filhinho.
Um dos únicos confortos de toda esta tragédia que tirou a vida de 183 vítimas inocentes é o pequeno Moshe que foi salvo heroicamente.
O pequeno Moshe chamou seu nome
Quando uma mãe deixa seu bebê sob os cuidados de outra pessoa,, seja por uma hora ou um dia, isto requer uma tremenda dose de confiança. Rezamos para que a criança fosse bem tratada e entregue a sua família, quando as cenas estavam se desenrolando. Mas quantos de nós poderia afirmar que em uma sitiação destas, de risco de vida, a babá arriscaria sua vida para salvar o menino? Quantos de nós imaginaríamos que na hora a babá não mediria esforços para salvar o bebê?
O casal Holtzberg foi abençoado com esta moça, corajosa e heroína. Não resta dúvidas que se não fosse pelo espírito de lealdade, coragem e bondade de Sandra Samuel, a babá de Moshê, ele não teria sobrevivido a este terrível massacre. Sandra estava no piso térreo do Beit Chabad quando os terroristas invadiram o local. Ela fez barricadas para se proteger das balas e bombas que estavam explodindo, e as quais ouvia acima de sua cabeça. Ela não saiu de seu esconderijo até o dia seguinte, quando parecia que os ataques haviam cessado. Foi só então que ela escutou Moshê chorando, chamando seu nome. Ela poderia facilmente ter escapado, salvando sua vida. Seria compreensível numa situação destas. Afinal de contas, os terroristas não sabiam que havia alguém ainda vivo lá dentro. Se tivessem escutado o choro, voltariam para acabar o serviço. Teria feito senso sair correndo o mais rápido possível. Mas não foi o que fez. O pequeno Moshe estava chamando seu nome. Ela deixou seu quarto, a barricada e subiu as escadas ao encontro de Moshe. Encontrou-o próximo de seus pais, encharcado de sangue. Ela o agarrou e correu.
Milagrosamente, os terroristas que ainda estavam no telhado do Beit Chabad nada escutaram ou viram; nem a ela nem ao Moshe. Milagrosamente este órfão sobreviveu por causa desta babá que arriscou tudo para salvá-lo.
O pequeno Moshe que completou dois anos neste Shabat está agora com seus avós maternos . Eles vivem em Israel onde já cuidam do irmão mais velho de Moshe que é doente e se encontra em tratamento. Não muito tempo atrás Moshe também perdeu outro irmãozinho por uma doença geneticamente degenerativa. Estão trabalhando para obter um visto para Sandra poder acompanhá-los a Israel. Neste momento, o menino só responde a ela.
Quando Moshe crescer saberá tudo o que ocorreu nesta tragédia com seus pais. Qualquer que seja a sua idade, tentará achar o que levaria a toda esta brutalidade, a morte de seus entes mais queridos. Mas não terá capacidade de entender. Ninguém de nós tem. E por mais amáveis que sejam seus avós, eles não são seus pais.
Mas em meio a dor e perda, ele também ouvirá os relatos sobre o trabalho incrível realizado pelos seus pais, shluchim de Chabad, das inúmeras vidas que tocaram e pessoas que ajudaram. E será abençoado pelo conhecimento de que sua babá, a mulher que seus pais confiaram para tomar conta dele, foi quem lhe deu o maior presente e arriscou tudo pelo seu bem estar. Nada aplacará a dor e a perda que Moshe vivenciou. E nada preencherá o vazio que Gavriel e Rivka deixaram ao serem tirados deste mundo. Mas Sandra Samuel é uma luz no meio desta escuridão. Ela é a prova que enquanto pessoas mostram toda sua maldade, outras mostram toda sua grandeza e beleza.
Sandra Samuel é uma verdadeira heroína.
Corpos do casal Holzberg no sepultamento em Kfar Chabad Israel |
O casal Holtzberg z"l |
O Hotel Taj Mahal em chamas |
Tristeza e profundo pesar na Levaya |
Rabino Gavriel (segundo da direita/esq) em foto recente no BC de Mumbai |
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Sêfer Torá perfurado a bala e foto do Rebe (Beit Chabad Mumbai) |
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Sandra Samuel, escapando dos terroristas, levando Moshê Holtzberg em seus braços |