Por Rabino Eliezer Shemtov
Em alguns dias, ou para ser mais preciso, no dia 31 de outubro, um babê irá nascer e trará a população do mundo para o número redondo de sete bilhões!
O que isso significa?
O politicamente correto provavelmente dirá que isso é uma má notícia. Afinal, todo o sistema ecológico já está sobrecarregado e qualquer nova vida traz ainda mais stress para o sistema. Irá a sofrida camada de ozônio conseguir aguentar todas as emissões de carbono que um novo bebê irá gerar?
Gostaria de compartilhar a visão Judaica tradicional sobre o assunto.
Para começar, a procriação é um mandamento Divino. Na verdade, é o primeiro mandamento - é, D-us dá mandamentos, não apenas sugestões - que D-us deu a homem: "Reproduzam-se e multipliquem-se; preencham a Terra e a conquistem".
Gerar vida humana não é meramente um privilégio ou um direito; é uma obrigação. Não é apenas uma obrigação, é uma benção. Cada humano tem uma missão especial para realizar. "Assim como não há duas pessoas iguais", nossos sábios observam, "assim, também, não existem duas pessoas que pensam igual". Cada um é diferente. Cada um é único. Cada um é insubstituível.
Mas, o que acontecerá como nossos já esgotados recursos naturais: O planeta Terra pode lidar com tantos seres humanos?
A chave para responder esta questão está incluída no mandamento Divino: "...e a conquistem". "Conquistar" não é sinônimo de "abusar". "Conquistar" significa descobrir o potencial inerente à natureza e usá-o para o bem. "Conquistar" significa educar as crianças que trazemos a este mundo para viverem a vida produtivamente. "Conquistar" significa educar nossas crianças para respeitarem nossos recursos naturais, não desperdiçá-los e alcançar a sustentabilidade;
Uma das razões pelas quais Adão foi criado como um indivíduo solitário é para ensinar a unicidade de cada ser humano. Nós não somos criados no atacado. Cada ser humano tem um nome. Cada um é diferente de todos os outros. Nós não sabemos quem será o bebê que cujo nascimento estamos tentando prevenir para não estressar excessivamente o sistema, ou como ele (ou ela) poderá contribuir. Quem sabe se não é este bebê aquele que encontrará um modo de fazer melhor uso de nossos recursos ou aquele que trará à humanidade um melhor nível de consciência social e solidariedade?
Porque pensar que ele ou ela será um fardo, em vez ser a causa de um grande alívio?
No livro do Êxodo nós lemos sobre o decreto do Faraó de que cada primogênito hebreu seja morto. Em resposta a este decreto, os hebreus decidiram parar de ter filhos. "Porque ter filhos", eles argumentaram, "se eles serão mortos?"
O líder dos hebreus na época era um indivíduo chamada Amram. Naquela época ele tinha tido dois filhos, Miriam e Aharon. Miriam se aproximou de seu pai e disse: "Pai, seu decreto é pior que o do Faraó. Ele decretou apenas sobre os homens, enquanto seu decreto também previne contra o nascimento de mulheres". Amram aceitou seu argumento, juntou-se novamente a sua esposa Yocheved, e sete meses depois, um garoto nasceu. Este bebê era Moisés, que depois libertou todos da escravidão.
A decisão de ter ou não ter um filho é um ato de fé. É uma aposta. O Judaísmo nos ensina a apostar na vida. Não somos futurologistas que podem saber o destino de cada criança que nasce. Além disso, homens podem apenas decidir *não* procriar, porque o sucesso deste feito não depende dele Se uma criança nasce, é porque D-us permitiu.
Existe, claro, situações onde o Judaísmo permite uso de certos sistemas de controle de natalidade, como por exemplo onde o fato de ter um bebê coloca em perigo a saúde física, mental e emocional da mãe. No entanto, se não houver nenhuma consideração primordial, o sistema padrão é "Sim".
Então, agora que o bebê número 7.000.000.000 irá nascer, o que todos nós temos que fazer é descobrir aonde, e qual será seu nome...
Em qualquer caso, eu dou a ele ou a ela calorosas boas vindas e desejo a seus pais Mazal Tov!