Um ano após o êxodo do Egito, o povo judeu fez a oferenda de Pêssach no décimo quarto dia do mês de Nissan. Mas nem todos os judeus puderam realizá-la. A escritura relata: "Havia alguns homens que estavam ritualmente impuros (pelo contato com mortos) e incapazes de preparar a oferenda de Pêssach naquele dia. Aqueles disseram: 'Por que deveríamos ser privados de fazer a oferenda do Senhor no seu tempo marcado entre os filhos de Israel?' Moshê respondeu: 'Aguardem, e eu ouvirei o que o Senhor ordenará a respeito de vós'. D'us falou a Moshê: 'Se qualquer pessoa de vós ou de vossas gerações futuras estiver ritualmente impura ou numa jornada distante, ainda assim fará a oferenda de Pêssach ao Senhor. Deverá efetuá-la no décimo quarto dia do segundo mês'..."
É dada uma nova oportunidade àquele que não ofereceu o sacrifício de Pêssach no tempo certo - 14 de Nissan - para fazê-lo no dia 14 de Iyar, data denominada de Pêssach Sheni, o Pêssach do segundo mês, no qual costuma-se, hoje em dia, comer um pedaço de matsá.
Nada é Irrecuperável
Embora o Pêssach Sheni fosse instituído para aqueles que não podiam ofertar o sacrifício de Pêssach no seu tempo certo, porque estavam impuros ou encontravam-se em locais distantes, o seu conceito se aplica a todos os judeus em todos os tempos - mesmo agora, quando o sacrifício de Pêssach não pode ser ofertado.
Uma lição clara de Pêssach Sheni é que um judeu nunca deve perder a esperança. Nas palavras do Rebe anterior: "A idéia de Pêssach Sheni é de que 'nada é irrecuperável'; sempre podemos retificar nosso comportamento. Mesmo alguém que estava ritualmente impuro ou ausente numa jornada distante - mesmo que voluntariamente - pode reabilitar-se."
Um judeu é intrinsecamente bom; sua alma é uma parte da centelha Divina. O pecado é uma antítese, completa da sua natureza. Se ele chega a transgredir, isto é uma anomalia que não pode tocar o seu "eu" essencial. O judeu pode estar temporariamente impuro, mas sua essência, é dos níveis mais elevados. Assim, nenhum pecado, nenhuma omissão do serviço a D'us, é irreversível. Um judeu pode sempre voltar à sua identidade real.
Pêssach é a única festividade que concede uma segunda chance, e isto porque Pêssach marca o nascimento da nação judia. O êxodo do Egito foi o início de um processo que culminou com a Outorga da Torá - a transformação dos judeus numa nação da Torá. Já que a oferenda de Pêssach está ligada com o êxodo, sua omissão significaria que o êxodo não foi completo. D'us por isto quis que cada judeu, mesmo aquele que deliberadamente não ofertou o sacrifício de Pêssach da primeira vez, ganhasse a oportunidade de fazê-lo - pois se não há nascimento, não há existência. A identidade da Torá estaria ausente.
Uma segunda chance... para todos!
Embora alguém possa ter cumprido Pêssach da melhor maneira possível, precisa "cumprir" Pêssach Sheni. Existem vários graus de pureza e impureza rituais e o judeu deve almejar elevar-se a novos níveis de pureza, construindo um novo santuário.
Este é o verdadeiro significado de Teshuvá, retorno a D'us. Mesmo uma pessoa que nunca pecou deve se esforçar para aproximar-se mais de D'us, e desde que D'us é infinito, um judeu pode elevar-se cada vez mais em sua apreensão da Divindade.
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