Este ano - 5771 - é um Ano Embolísmico, com treze meses, no calendário judaico. Ao invés de ter um mês de Adar, temos dois: Adar Rishon (primeiro Adar) e Adar Sheni (segundo Adar).
O calendário judaico é baseado na Lua. Ela aparece no céu no início de cada mês judaico como um crescente estreito, que gradualmente se torna mais pleno a cada noite, até ficar perfeitamente cheio e redondo, no meio do mês. Então a Lua "encolhe" até desaparecer totalmente por volta do fim do mês, apenas para reaparecer no começo do novo mês. Quando a Lua surge primeiramente como um estreito crescente, é chamada de "novilúnio" (em hebraico Molad - "nascimento da Lua"). No Shabat antes da Lua nova, anunciamos e abençoamos o novo mês (exceto o mês de Tishrei, que é abençoado unicamente pelo próprio D'us).
De um novilúnio ao seguinte passam-se pouco mais de vinte e nove dias e meio. Esta é a duração do mês. Mas, uma vez que não podemos ter metade do dia pertencendo a um mês e a outra metade ao seguinte, o calendário foi construído de maneira a termos, às vezes, vinte e nove dias, e outras vezes, trinta dias no mês judaico; nunca mais, nem menos.
É por isso que às vezes temos um dia de Rosh Chôdesh (início do mês) e às vezes dois. Quando temos um dia de Rosh Chôdesh, significa que o mês que se finda tem 29 dias; se temos dois dias de Rosh Chôdesh, o primeiro pertence ao mês anterior (ou seja, é o 30º dia do mês que finda), enquanto o segundo dia de Rosh Chôdesh é o primeiro dia do novo mês. Assim, quando anunciamos o novilúnio de Adar I (este ano), dizemos: "Rosh Chôdesh de Adar Rishon será no domingo e na segunda-feira; que nos venha para o bem".
Esta proclamação informa-nos imediatamente que o mês de Shevat, que se finda, teve trinta dias, enquanto o primeiro dia de Adar I cairá na segunda-feira seguinte.
Num ano "comum" temos seis meses "cheios" (ou "completos") de 30 dias cada, e seis meses "curtos" de 29 dias, seguindo-se um ao outro (30, 29, 30, 29, etc). Isso nos dá um total de 354 dias no ano judaico. (Em certos anos "perdemos" um dia, e em outros "ganhamos" um, fazendo com que o número total de dias num ano seja de 353, 354, ou 355, conforme o caso. Há boas razões para isso como, por exemplo, evitar que Yom Kipur caia numa sexta-feira, ou num domingo, para não se seguirem dois dias de Shabat.
Naturalmente, é importante que conheçamos o calendário judaico, pois precisamos saber quando observar as nossas festas religiosas. Rosh Hashaná é o primeiro e segundo dia de Tishrei, Yom Kipur é o décimo, e Sucot começa no décimo quinto dia de Tishrei ; Pêssach começa no décimo quinto de Nissan, e Shavuot é no qüinquagésimo dia seguinte, (i.e., 6 e 7 de Sivan). E então, há Chanucá e Purim, e ainda os dias de jejum. O próprio Rosh Chôdesh é como se fosse um pequeno feriado, ocasião em que fazemos orações especiais.
A Torá nos fala do mês e do dia da celebração de uma festa, como também da estação do ano em que deve ser comemorada. Por exemplo, a Torá nos diz que Pêssach deve ser na primavera (considerando-se as estações do hemisfério norte) - a estação em que nossos antepassados saíram do Egito - e Sucot deve ser no outono. Portanto, não devemos ignorar o sistema solar que determina as quatro estações do ano ("Tecufot").
O Ano Solar tem pouco menos de 365 dias e meio, enquanto o Ano Lunar tem cerca de onze dias a menos! Portanto, se ignorassemos inteiramente o Ano Solar, nossas festas não seriam na mesma época a cada ano com relação à estação do ano, e iriam atrasar onze dias. Em cerca de três anos, sairiam fora de sua respectiva estação por aproximadamente um mês; em nove anos, por cerca de três meses. Pêssach não seria mais na primavera, e sim no inverno!
Por essa razão, não devemos permitir que o Ano Lunar se distancie do Ano Solar; e sempre devemos aproximá-los. É por isso que o calendário judaico tem um mês a mais a cada três anos, enquanto os onze dias de diferença formam cerca de um mês.
Adicionamos este mês após Shevat, empurrando Nissan para frente, para o seu lugar apropriado na primavera. Uma vez que o mês de Nissan está de volta, todas as outras festas cairão na época certa e nas estações adequadas.
O calendário judaico é de fato maravilhoso. Nossos sábios, que construíram um calendário para todos os tempos, eram realmente sábios nas ciências da Astronomia e da Matemática.
É preciso um período de 19 anos para "ajustar" o Ano Lunar e o Ano Solar, para que ambos comecem exatamente ao mesmo tempo, sem defasagem. Portanto, o calendário judaico está dividido em períodos (ou ciclos) de dezenove anos. Em cada período, ou ciclo, há sete anos embolísmicos: o 3º, 6º, 8º, 11º, 14º, 17º e 19º.
Assim, torna-se fácil descobrir se um ano judaico qualquer é embolísmico. Divide-se o ano judaico por 19; se o resto for 3, 6, 11, 14, 17 ou 19 (no último caso, não sobrará resto), este será um Ano Embolísmico. Por exemplo, este ano - 5771 - dividido por 19, deixa um resto de 14 (303 vezes 19, mais 14, é igual a 5771). Isto significa que estamos agora no 14º ano do 304º ciclo (desde a Criação do mundo), e este é um Ano Embolísmico.
Adar I e Adar II
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